sábado, 6 de março de 2010

É, a solidão é o mal do século, é o mal da vida, e ela sabe, mas não consegue achar-se em si. E perdida encontra-te, e em pesares noturnos conturba sua alma. Seus sonhos são reflexos, espelhos da agonia em que se encontra. Num silêncio induzido por verdades misteriosas, verdades alheias e dolorosas. Mas quem é? Que direitos tem sobre algo? Não pode simplesmente julgá-los, decidir quais são os bons e os maus atos.


Não é Deus e não quer brincar de ser. Ter em suas mãos o poder sobre a vida, da ação e agir. Agir sobre os males sempre tirando deles o bem. Ah! Pessoas boas, - elas existem - mas não enquadra-se em seus padrões misericordiosos e cheios de boas intenções.

E quem a vê roga por ela, tão boa – por muitas vezes acham, doce menina – ingênuos, não a conhecem, não sabem que ela tem maus pensamentos e que em seu peito a raiva arde e pede-lhe passagem, tão fraco ser, tão morta e tão viva. Seu corpo move-se, articula-se, mas seu coração prefere a ‘paz’ ilusória do escuro, onde ela acha que está segura – mas não está. E ecoa sobre as paredes a voz de sua consciência pesada, cheia de crimes hediondos e artimanhas hipócritas. Hipócrita – é uma bela palavra para ela? Não sei. Pois ela tenta e isso é verdade, procura ser uma pessoa melhor do que é, não sem cansar-se, mas tenta.




Vanessa de Ávila
Já não sei em que estado me encontro, de que ângulo vejo estas cenas ininterruptas e atormentadoras. Procuro não deixar escorrer por meus poros este desagrado, meu egoísmo e esse desejo que habita em meu ser. Desejo que não deveria existir, que deveria ter partido junto com os restos do que achei que fosse verdade. Mas permaneço aqui, nesse quarto frio e úmido, onde as paredes me impedem de sair, de ver o mundo que virá, o mundo que quero descobrir - intensamente. E o que são uma ou duas horas a mais nessa terrível situação? Ganhar ou perder, isso nem me importa mais =)


Vanessa de Ávila